O ACERVO MUSICAL DO ARQUIVO DO CABIDO METROPOLITANO DO
RIO DE JANEIRO
Marcelo Campos Hazan

Segundo seus próprios estatutos, o Cabido da Catedral do Arcebispado do Rio de Janeiro, também chamado Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro e, anteriormente, Ilustríssimo Cabido da Santa Igreja Catedral Metropolitana do Arcebispado de São Sebastião do Rio de Janeiro, é um colégio composto por eclesiásticos que se destacam pela “doutrina, integridade de vida e pelo exercício louvável do ministério”.1 Cabe aos capitulares desempenhar as funções litúrgicas mais solenes na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, assim como realizar outras funções que lhes são ou venham a ser delegadas pelo Direito Canônico ou pelo Arcebispo. O projeto “Digitalização do Acervo Musical do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro” disponibiliza em forma digital uma documentação manuscrita e impressa que não apenas pertence ao Cabido Metropolitano, mas que se confunde com o próprio percurso histórico da Catedral do Rio de Janeiro. Este ensaio tem como propósito iluminar esta ligação, articulando ao quadro maior a configuração, os arquivistas e os inventários históricos relativos a este acervo musical.

Normalmente, pensar em uma catedral é evocar a imagem de uma estrutura original, única, uma construção-símbolo que resistiu até o presente como que divinamente imune à influência do tempo e dos homens. No caso do Rio de Janeiro, contudo, uma identidade segura não é possível. Devido a fatores logísticos, administrativos, políticos e econômicos foram ao todo seis os edifícios que abrigaram Bispo e Cabido durante a trajetória tricentenária da Catedral. A Diocese do Rio de Janeiro foi criada em 16 de novembro de 1676, por força da Bula Romani Pontificis pastoralis sollicitudo de Inocêncio XI, elevando-se nesta data a Matriz de São Sebastião (figura 1) à condição de Igreja Catedral. O primeiro registro musical referente à Sé data de cinco anos depois. A Provisão Régia de 18 de novembro de 1681, determinando número, cargo e vencimento dos capitulares e ministros eclesiásticos da Catedral, estabeleceu uma organização musical que compreendia quatro capelães cantores, um subchantre, quatro moços de coro, um organista e um mestre de capela.2



Figura 1 - François Froger, “São Sebastião/Vila Episcopal do Brasil”, ca. 1695.3 A Matriz de São Sebastião, destacada à esquerda da ilustração, desapareceu por ocasião do arrasamento do chamado Morro do Castelo, em 1922.


Mas quando o número de capelães foi elevado de quatro para oito através do Alvará de 19 de outubro de 1733, o corpo capitular encontrava-se instalado em sua segunda sede, a Igreja de Santa Cruz dos Militares (figura 2). E quando o Alvará de 3 de dezembro de 1750 aumentou este número para doze, os capitulares já celebravam o Ofício Divino em outra igreja, a de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (figura 3), para onde haviam se transferido em 1 de agosto de 1737 e onde permaneceram por mais de setenta anos. A longa estadia, pontuada por conflitos envolvendo a elite eclesiástica e os “pretinhos” da Irmandade a que pertencia esta igreja, chegou ao fim com a transferência da corte portuguesa ao Brasil e a trasladação de “pessoas, Cantores e Ministros” da Igreja do Rosário para a da Ordem Primeira de Nossa Senhora do Monte do Carmo (figura 4). Além de nova Sé-Catedral, o templo carmelita foi condecorado pelo Príncipe Regente Dom João com a dignidade e título de Capela Real, através de Alvará de 15 de junho de 1808.



Figura 2 - Richard Bates, Igreja de Santa Cruz dos Militares no início do século XIX.4


Figura 3 - Thomas Ender, "Paróquia de Nossa Senhora do Rosário", 1817.5


Figura 4 - Richard Bates, Largo do Paço, 1808. Em destaque a Igreja da Ordem Primeira de Nossa Senhora do Carmo e contígua a ela, a Igreja da Ordem Terceira.6


Como observou Robert Stevenson (n. 1916), estes deslocamentos podem ter contribuído para o desaparecimento de parte da documentação capitular anterior aos oitocentos.7 Disso é reflexo o diminuto número de manuscritos musicais pré-joaninos atualmente no arquivo. A longa interinidade do Cabido também pode ajudar a explicar a ausência de registros documentando a existência de um arquivo musical anterior ao período joanino.8 Neste sentido, a figura de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) sinaliza uma nova era. Sabemos que este músico, além de ter sido o primeiro mestre de capela e organista da Capela Real de Dom João VI, foi também o responsável pela elaboração do primeiro catálogo do arquivo que conhecemos, embora neste índice o padre-mestre tenha se restringido àquelas suas próprias obras compostas até 6 de setembro de 1811.9 Também cabe a José Maurício a distinção de ter sido o primeiro guardião do acervo joanino, conforme atestou em carta de julho de 1822 dirigida a Dom Pedro I:

 

O ordenado de 600$000 réis que o Suplicante tem, é como Compositor, servindo gratuitamente em outras ocupações, de que S. M. o encarregava, e vêm a ser: Servia e ainda serve de Arquivista. […] [O] Suplicante de dia e de noite trabalhou sempre com exatidão nas composições que S. M. lhe mandava fazer para as Funções da Real Capela antes e depois de chegar o Arquivo de Música de Queluz, no que lhe resultou ficar deteriorado na sua saúde até o presente […].10

 

O mencionado “Arquivo de Música de Queluz” presumivelmente compreendia as obras executadas pela orquestra da Real Câmara nas festividades religiosas na capela do palácio situado a vinte quilômetros de Lisboa.11 Na contramão desta aquisição ocorreu o primeiro desfalque importante de que se tem notícia, por ocasião do retorno de Dom João VI a Lisboa em 26 de abril de 1821. Como lembra André Cardoso, o monarca levou consigo diversas composições de Marcos Portugal (1762-1830), hoje pertencentes à Biblioteca da Ajuda,12 como se não bastasse o ouro que foi completamente esvaziado dos cofres do Banco do Brasil.

Em 1822 a Catedral de Nossa Senhora do Carmo passou à condição de Capela Imperial, título confirmado pelas Bulas de 13 e 18 de junho de 1826, através das quais Leão XII reconheceu o advento da Independência. Não há comprovação se José Maurício, “deteriorado na sua saúde”, permaneceu como arquivista por toda a duração do Primeiro Reinado. Todavia, tudo indica que a trabalhosa custódia do acervo continuou sendo realizada informalmente após o turbulento período pontuado pela morte de José Maurício em 18 de abril de 1830, a abdicação de Dom Pedro I em 6 de abril de 1831 e a dissolução da orquestra da Capela Imperial que ocorreu pouco depois. É o que sugere um relatório enviado para a Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça em 10 de abril de 1833, alegando que o ordenado de Francisco da Luz Pinto (fal. 1865) era insuficiente “porque além de músico é o arquivista, que guarda e cuida das músicas, e que distribui as que se devem executar; tem também o trabalho de ser o que avisa a todos os músicos quando ocorrem festas extraordinárias, que não são marcadas nas tabelas anuais”.13 O relatório surtiu efeito a favor deste músico, beneficiado com um aumento por Aviso de 11 de junho do mesmo ano.

Em 1846, cinco anos após a ascensão de Dom Pedro II (1825-1891) ao trono e três anos após a ressurreição da orquestra da Capela Imperial, a documentação aponta a nomeação de Bento Fernandes das Mercês (1804/1805-1887) para o posto de copista, por Aviso de 7 de novembro. daquele ano. A esta nomeação somou-se sua designação para o cargo de arquivista (e avisador) por Aviso de 12 de novembro de 1855. Com efeito, a colaboração de Bento Fernandes das Mercês com a Imperial Capela e Catedral ocorreu em múltiplas competências.14 O Almanak Laemmert registra-o como “Músico Cantor da Imperial Capela” de 1849 a 1865; “copista da Capela Imperial” e “copista e impressor de música da Capela e Casa Imperial” de 1850 e 1857 a 1887, respectivamente; e “Mestre-de-Capela (honorário)” de 1862 a 1887.15 Mas é sobretudo por sua coleção particular de manuscritos musicais que Bento das Mercês é conhecido entre os musicólogos.16 Esta coleção, em vista das liberalidades de acesso de que certamente gozava o intérprete, copista, avisador, arquivista, editor e regente, acabou por confundir-se com o próprio arquivo da Capela Imperial, conforme ilustra, por exemplo, o manuscrito CRI-SM04, em que a rubrica de Bento das Mercês aparece rasurada e a anotação “Propriedade da Capela Imperial” escrita logo abaixo.17 De fato, quando faleceu em 12 de julho de 1887 estavam em seu poder diversas músicas pertencentes à Capela Imperial, presumivelmente emprestadas para inventário, restauração ou duplicação. Após sua morte, estes manuscritos não foram em sua totalidade devolvidos à Catedral, porém adquiridos pelo governo e encaminhados em 1898 para a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, então Instituto Nacional de Música, onde se encontram depositados até os dias de hoje.18 É oportuno observar que a aquisição deste patrimônio pertenceu a um movimento amplo em torno do resgate da obra de José Maurício Nunes Garcia, mobilizando um grupo de músicos que se alinhava com a tradição austro-germânica e o regime republicano (em oposição à ópera italiana associada à monarquia).19

De 1885 a 1888 e depois em 1890 o Almanak Laemmert cita como arquivista o “distinto escriturário do Tesouro e também distinto músico” Joaquim José Maciel.20 Maciel é autor do minucioso “Catálogo das músicas, arquivadas na Capela Imperial, de composição do Padre Mestre José Maurício Nunes Garcia”,21 datado de 9 de julho de 1887, cuja realização fez parte da referida campanha em prol do compositor, neste caso por iniciativa do então Deputado e depois Senador do Império Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843-1899), o Visconde de Taunay. É também da autoria de José Joaquim Maciel o primeiro arrolamento não-mauriciano do acervo, arrolamento este que não chegou até nossos dias mas do qual temos notícia através de um ofício de 1888 endereçado ao inspetor da Capela Imperial:

 

Conseguindo apresentar o catálogo do padre José Maurício […], consultei o Sr. inspetor sobre a utilidade de prosseguir nos trabalhos de classificação e inventário das músicas dos demais autores e sendo ainda neste tentamen bem sucedido pela aquiescência de S. Ilma. Revma., logrei terminar o catálogo geral que ora apresento, das músicas existentes e já arquivadas nas novas estantes. Ainda que imperfeito é o primeiro trabalho que aparece no gênero, pelo qual poderei eu passar ao meu sucessor o arquivo que me foi transferido sem outra formalidade além da confiança pessoal.22

 

Em 1889 o Cabido passou a funcionar interinamente na Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (figura 5), contígua à Capela Imperial que necessitava impreterivelmente de reparos. Em 1892, como conseqüência da Proclamação da República, mudou a Catedral mais uma vez de título, passando à categoria de Igreja Metropolitana pela Bula Ad universas orbis ecclesias de 27 de abril daquele ano. Coube a Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1850-1930), então Arcebispo do Rio de Janeiro e a partir de 1905 o primeiro Cardeal da América Latina, o privilégio de re-inaugurar em 1900, em meio às festas do quarto centenário do descobrimento do Brasil, a Igreja da Ordem Primeira do Carmo, agora Santa Igreja Catedral Metropolitana, para onde retornou o corpo capitular em 6 de junho daquele ano.23



Figura 5 - Marc Ferrez, Igreja da Ordem Terceira do Carmo, 1870.24


Figura 6 - Catedral de São Sebastião, 1998.


Foi Dom Joaquim Arcoverde o responsável pela organização do Catálogo das músicas arquivadas na Capela Imperial (Catedral Metropolitana)” concluído em 18 de janeiro de 1902. O autor do catálogo, Miguel Pedro Vasco, sucessor de Joaquim José Maciel, é mencionado como arquivista no Almanak Laemmert em 1889 e de 1895 a 1901 (de 1891 a 1894 o posto encontra-se “vago”), aparecendo também como avisador de 1890 a 1901.25 A partir de 1902, os dados apresentados no almanaque começam a refletir a influência devastadora de dois fatores. O primeiro é o artigo quarto do Decreto no. 119-A de 7 de janeiro de 1890, que aboliu “o padroado com todas as suas instituições, recursos e prerrogativas”.26 O segundo é o Motu Proprio de 22 de novembro de 1903, que condenou a execução das composições litúrgicas destituídas do caráter do canto gregoriano. De fato, de 1902 a 1904 não existe menção de arquivista, mestre de capela ou músico de orquestra, limitando-se o Almanak Laemmert a listar um organista, quatro “Capelães Cantores” e idêntico número de “Cantores”; e de 1905 até 1909 todos os músicos são omitidos exceto os quatro capelães, cessando a partir de então até a interrupção da publicação em 1915 todos os registros musicais referentes à Catedral.27

Em 1922 foi compilado um novo Catálogo das músicas sacras pertencentes aos arquivos da Capela Imperial”, de autoria do desconhecido Padre Antônio Romualdo da Silva. Compreendendo 75 páginas, sua elaboração deu-se por ordem do Secretário do Cardeal Arcebispo, o Cônego Carlos Duarte Costa (1888-1961). Como constatou Cleofe Person de Mattos este catálogo é consideravelmente mais breve do que o anterior, pois sua elaboração foi precedida da destruição de substancial parte do acervo musical. Sobre a motivação deste desfalque, o mais lamentável na história do arquivo, pouco se sabe além do que informou Mattos em 1970: “a responsabilidade desse desaparecimento tem sido atribuída, com fundamento ou não, a pessoas ligadas à Catedral, sobretudo ao Bispo de Maura”.28

Figura não pouco controvertida, Dom Carlos Duarte Costa foi ordenado sacerdote em 1 de abril de 1911, eleito segundo Bispo de Botucatu em 4 de julho de 1924 e, ao ser removido de sua Diocese por má administração financeira e questionáveis ligações políticas em 1937, nomeado Bispo de Maura (título recebido in partibus, isto é, sem Diocese).29 Por “atentado contra a unidade da verdadeira Igreja” recebeu em 6 de julho de 1945 uma sentença de excomunhão, criando então a dissidente Igreja Católica Apostólica Brasileira, que advogava (e ainda defende em suas 22 Dioceses), entre outras mudanças, a abolição do celibato e do laço indissolúvel. Caso Dom Carlos Duarte Costa tenha realmente sido o responsável pelo auto-da-fé, não é absurdo imaginar uma motivação ideológica por trás da incineração dos manuscritos, portadores de um conservadorismo inaceitável aos olhos da dissidência. Ironicamente, por motivos simétricos aos do Bispo de Maura, a própria Igreja Católica colocou em xeque a sobrevivência desta herança musical, desautorizando sua modernidade perante a ortodoxia do Motu Proprio de Pio X.

A esta inadequação se referiu Frei Pedro Sinzig (1876-1952) quando afirmou que “excetuando muitas composições do Padre José Maurício, a maior parte das obras [no Arquivo do Cabido Metropolitano] não corresponde às normas dadas pela Igreja Católica para a música sacra”.30 A observação precede uma transcrição abreviada do catálogo de 1922, pioneiramente incluída no pouco conhecido Dicionário Musical de Frei Sinzig, publicado em 1947. Neste léxico consta também o importante testemunho de que o acervo era “quase nunca procurado”, apontando para o estado incipiente da atividade musicológica de então, ao menos no que diz respeito ao estudo de fontes primárias.31 Hoje, quase sessenta anos depois, existe uma forte demanda científica por esta documentação de “importância fundamental para a musicologia brasileira”,32 mas durante largo período persistiu um descompasso entre as necessidades dos pesquisadores e as oportunidades de acesso aos manuscritos. Com efeito, foram poucos os musicólogos que chegaram a consultar in loco a documentação capitular durante o termo de Monsenhor Guilherme Schubert (1913-1998), Doutor em Teologia, Prelado Doméstico de Sua Santidade, Presidente da Comissão de Arte e Música Sacra do Rio de Janeiro e arquivista do Cabido Metropolitano pelo menos desde a década de 1960.33 Entre as exceções, Robert Stevenson visitou o arquivo em novembro de 1966 e publicou quatro anos mais tarde um inventário parcial do acervo musical em seu monumental compêndio Renaissance and Baroque musical sources in the Americas.34 Com o respaldo da Fundação Calouste Gulbenkian o diplomata e estudioso francês Jean-Paul Sarrautte pesquisou os manuscritos para o ensaio “Marcos Portugal no Brasil - 1811-1830”, concluído em “Londres, Agosto de 1969”.35 Cleofe Person de Mattos pesquisou o acervo por um período mais extenso para a confecção do catálogo temático e da biografia do Padre José Maurício, respectivamente publicados em 1970 e 1997.36 Em 1973, graças à iniciativa da então diretora Mercedes Reis Pequeno (n. 1921), foi concedida à Divisão de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional permissão para que o acervo fosse microfilmado. Infelizmente, a Biblioteca Nacional não o reproduziu em sua totalidade, concentrando-se prioritariamente nas obras de José Maurício e Marcos Portugal.

Inicialmente, este cenário não sofreu alterações com a trasladação do Cabido e de seu arquivo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo (da Antiga Sé) para a atual Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro37 (figura 6), imponente estrutura cilíndrica de 96 metros de altura exterior, que foi benzida em 16 de novembro de 1976 e dedicada solenemente em 15 de agosto de 1979, data em que passou a funcionar em regime normal diário. Mais recentemente, contudo, o Arquivo do Cabido Metropolitano passou a ser freqüentado por um crescente número de pesquisadores,38 reflexo de uma nova transparência e cooperação envolvendo a comunidade musicológica e as autoridades eclesiásticas. Este panorama coincide com a nomeação de Monsenhor José Roberto Devellard sucessor de Monsenhor Schubert na guarda do acervo. Coincide também com o florescente debate na área da arquivologia musical, que culminou com a realização do I Colóquio Brasileiro de Arquivologia e Edição Musical (Mariana, 20 de julho de 2003) e a ratificação, naquela ocasião, das Conclusões do III Simpósio Latino-Americano de Musicologia (Curitiba, 24 de janeiro de 1999). Paralelamente, o Vaticano tem sublinhado os deveres e obrigações da Igreja através de Cartas Circulares, tais como A função pastoral dos arquivos eclesiásticos” (2 de fevereiro de 1997) e Necessidade e urgência da inventariação e catalogação do patrimônio cultural da Igreja” (8 de dezembro de 1999), elaboradas pela Pontifícia Comissão para o Patrimônio Cultural da Igreja. O projeto “Digitalização do Acervo Musical do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro” não apenas inscreve-se neste movimento de conscientização, mas é emblemático do mesmo em diversos sentidos. Difundir um acervo de tamanha relevância musicológica, porém consultado por tão reduzido número de pesquisadores, significa levantar um véu de mistério que, infelizmente, ainda acoberta outros arquivos do gênero. Além disso, diante de um passado marcado por tantas perdas, a preservação e divulgação desta documentação em formato digital é mais do que um exemplo a ser seguido por outros repositórios documentais - trata-se de um gesto de justiça poética em prol do patrimônio arquivístico-musical brasileiro.


1 SCHUBERT, Monsenhor Guilherme. Estatutos do Cabido da Catedral do Arcebispado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: s.n., 1988. p. 1.

2 ALMEIDA, Eduardo de Castro e (Org.). Inventario dos Documentos relativos ao Brasil existentes no Archivo de Marinha e Ultramar de Lisboa. Rio de Janeiro. Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, v. 46, p. 283, 1924.

3 REIS, Nestor Goulart. Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial. São Paulo: Edusp, 2000. p. 162-163.

4 MACEDO, Joaquim Manuel de. Um Passeio pela Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garnier, 1991. p. 229.

5 ENDER, Thomas. Viagem ao Brasil nas Aquarelas de Thomas Ender. Apresentação de Robert Wagner e Júlio Bandeira. Petrópolis: Kappa, 2000. v. 2, p. 433.

6 FERREZ, Gilberto. A Praça 15 de Novembro, Antigo Largo do Carmo. Rio de Janeiro: Riotur, 1978. capa.

7 STEVENSON, Robert. Renaissance and Baroque musical sources in the Americas. Washington, DC: General Secretariat, Organization of American States, 1970. p. 310.

8 Ver: MATTOS, Cleofe Person de. José Maurício Nunes Garcia: biografia. Rio de Janeiro: Ministério da Cultura/Fundação Biblioteca Nacional/Departamento Nacional do Livro, 1997. p. 69-70. Porém existem referências setecentistas a um arquivo geral do Cabido, sobre o qual informou Monsenhor Pizarro e Araújo em 1793: “Tendo assás revolvido o que nele se contém, ainda me parece incrível que se conserve coisa digna de memória e de estimação; porque a desordem de nossos antecessores é [...] excessiva pela sua moleza, falta de cuidado, de zelo e interesse pela conservação do que [diz] respeito à Mesa Capitular […]”. ARAÚJO, José de Sousa Azevedo Pizarro e. Compilação das Memórias Dos Prelados, Bispos, e Conegos Nesta Cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro […]. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, Arq. 1.3.13, f. [4v].

9 Transcrição em PORTO ALEGRE, Manuel de Araújo. Marcos e José Mauricio. Catálogo de suas composições musicaes. Revista Trimensal do Instituto Historico e Geographico e Ethnographico do Brazil, Rio de Janeiro, v. 22, p. 504-506, 1859.

10 GARCIA. José Maurício Nunes. Seção de Manuscritos, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, C-954,22, f. [1r]. Apud: MATTOS, Cleofe Person de. Catálogo temático das obras do padre José Maurício Nunes Garcia. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura/Conselho Federal de Cultura, 1970, fac-símile inserido entre as p. 32 e 33.

11 PIRES, António Caldeira. História do Palácio Nacional de Queluz. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1924-1926. v. 2, p. 85. Apud: SCHERPEREEL, Joseph. A orquestra e os instrumentos da Real Câmara de Lisboa de 1764 a 1834: documentos inéditos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1985. p. 86.

12 SANTOS, Mariana Amélia Machado. Catálogo de Música Manuscrita. Lisboa: Biblioteca da Ajuda, 1958-1968. v. 4, p. 126 e v. 5, p. 9-21. Apud: CARDOSO, André. O arquivo musical e o repertório da Capela Real e Imperial do Rio de Janeiro, 1808-1889. In: V ENCONTRO DE MUSICOLOGIA HISTÓRICA, Juiz de Fora, 19-21 jul. 2002. Anais. Juiz de Fora: Centro Cultural Pró-Música, 2004. p.43.

13 FIDALGO, Duarte Mendes de Sampaio. Informação sobre o estado da Capella Imperial, que por Real Avizo da Secret.a d'Estado dos Negocios da Justiça, datado em 10 de Abril do corrente ano de 1833, em que foi ordenado, para execução ao disposto no §3.o do Artigo 25 da Lei do Orçamento de 15 de Novembro de 1831. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, Fundo Casa Imperial/Capela Imperial, cx. 12, pac. 3, doc. s.n., f. 12r.

14 Para maiores detalhes biográficos, ver: ANDRADE, Ayres de. Op. cit., 1967, Francisco Manuel da Silva e seu tempo: 1808 1865: uma fase do passado musical do Rio de Janeiro à luz de novos documentos. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1967. v. 2, p. 197, porém com duas ressalvas: primeiro, Bento das Mercês transferiu-se ao Rio de Janeiro de Minas Gerais, não de Lisboa; segundo, o músico faleceu viúvo, sendo menos provável que tenha sido, portanto, um “Cantor sopranista (Castrado)” conforme afirmou Ayres de Andrade. Ver os obituários em Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, ano LXV, n. 194 e 199, p. 1, 13 e 18 jul. 1887, respectivamente.

15 Os registros musicais no Almanak Laemmert foram transcritos em SANTOS, Maria Luiza de Queiroz Amâncio dos. Origem e evolução da música em Portugal e sua influência no Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1942. p. 285-307. As diversas imprecisões deste trabalho, contudo, fazem imprescindível uma consulta à publicação original. Em sua versão on-line, o almanaque é disponibilizado apenas até o ano de 1889. Almanak administrativo, mercantil e industrial da côrte e provincia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: E. & H. Laemmert, 1844-1889. Disponível em: http://www.crl.edu/content/almanak2.htm Acesso em: 1 jun. 2005.

16 O obituário de Bento Fernandes das Mercês reconhece esta excelência: “O seu arquivo musical é talvez o mais importante dos existentes no país”. Jornal do Commercio, ano LXV, n. 194, p. 1, 13 jul. 1887.

17 STEVENSON, Robert. Op. cit., 1970, p. 313.

18 O conjunto de manuscritos recebeu a denominação “Coleção Gabriela Alves de Sousa”, sobrinha, afilhada e herdeira de Bento Fernandes das Mercês. Para maiores detalhes, ver: TAUNAY, Visconde de. Dous Artistas Maximos: José Mauricio e Carlos Gomes. São Paulo: Melhoramentos, 1930. p. 32-37; e principalmente MATTOS, Cleofe Person de. Op. cit., 1997, p. 189-190 e p. 225-226, referência n. 225. Em 1885 Bento das Mercês havia tentado, sem sucesso, vender ao governo imperial os manuscritos de sua coleção. Sobre o episódio, ver: CARDOSO, André. Op. cit., 2004, p. 51-53.

19 Ver: VERMES, Mónica. Alguns aspectos da música sacra no Rio de Janeiro no final do século XIX. IV SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE MUSICOLOGIA, Curitiba, 20-23 jan. 2000. Anais. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 2001. p.193-198; e Revista Eletrônica de Musicologia, Curitiba, v. 5, n. 1, jun. 2000. Disponível em: http://www.rem.ufpr.br/REMv5.1/vol5-1/rio.htm Acesso em: 1 jun. 2005.

20 BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1899. v. 5, p. 88.

21 MACIEL, Joaquim José. Catalogo das musicas, archivadas na Capella Imperial, de compozição do Padre Mestre José Mauricio Nunes Garcia, organizado por ordem do Ill.mo e Rev.mo Monsenhor Inspector, pelo Archivista Joaquim José Maciel. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, lata 7, doc. 9.

22 TAUNAY, Visconde de. Uma Grande Gloria Brasileira: José Mauricio Nunes Garcia (1767-1830). São Paulo: Melhoramentos, 1930. p. 114-115.

23 SANTOS, Antonio Alves Ferreira dos. A Archidiocese do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Leuzinger, 1914. p. 60-61.

24 FERREZ, Gilberto. O Rio de Janeiro Antigo do Fotógrafo Marc Ferrez: paisagens e tipos humanos do Rio de Janeiro, 1865-1918. São Paulo: J. Fortes Engenharia/Ex Libris, 1989. p. 51.

25 Almanak administrativo, mercantil e industrial da côrte e provincia do Rio de Janeiro. Op. cit., 1889-1901, passim.

26 Decreto no. 119-A. Prohibe a intervenção da autoridade federal e dos Estados federados em materia religiosa, consagra a plena liberdade de cultos, extingue o padroado e estabelece outras providencias. Decretos do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891. p. 10.

27 Almanak administrativo, mercantil e industrial da côrte e provincia do Rio de Janeiro. Op. cit., 1902-1915, passim.

28 MATTOS, Cleofe Person de. Op. cit., 1970, p. 59.

29 Ver: DUBOIS, Padre Florencio. O ex-Bispo de Maura e o Bom-Senso. Petrópolis: Vozes, 1945. passim. (Coleção Biblioteca Apologética).

30 SINZIG, Pedro Frei. Pelo Mundo do Som. Dicionário Musical. Rio de Janeiro: Kosmos, 1947. p. 56.

31 Idem, ibidem. A observação foi mantida na segunda edição de 1959, reimpressa em 1976. Ainda em 1965 enfatizava Régis Duprat: “no conjunto das atividades musicológicas brasileiras, as pesquisas de arquivo têm sido raras”. DUPRAT, Régis. A música na Bahia Colonial. Estudos Históricos, Marilia, v. 30, n. 61, p. 93, jan.-mar. 1965.

32 NEVES, José Maria. Arquivos de manuscritos musicais brasileiros: breve panorama. Recuperação e propostas para uma sistematização latino-americana. In: Anais. I Simpósio Latino-Americano de Musicologia. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1998. p. 142.

33 Dados biográficos em: TAPAJÓS, Vicente. Dicionário biobibliográfico de historiadores, geógrafos e antropólogos brasileiros. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1991. v. 1, p. 157.

34 STEVENSON, Robert. Op. cit., 1970. 346 p.

35 SARRAUTTE, Jean-Paul. “Marcos Portugal no Brasil - 1811-1830”. In: Marcos Portugal: ensaios. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Música, 1979. p. 173.

36 MATTOS, Cleofe Person de. Op. cit., 1970 e 1997, 413 e 373 p., respectivamente.

37 A Catedral de São Sebastião abriga, além do Arquivo do Cabido Metropolitano, o Arquivo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro. Equipado para atender os pesquisadores de segunda a quarta-feira, das 14 às 16:45 horas, este repositório contém, entre outros documentos, os livros de portarias, ordens episcopais, matrícula de ordinandos e processos de gênere relativos à Catedral, assim como os livros paroquiais de batismos, óbitos e casamentos recolhidos nas várias freguesias do Arcebispado do Rio de Janeiro.

38 Entre os trabalhos que exemplificam esta constatação podemos citar: HAZAN, Marcelo Campos. A Seção Musical do Arquivo do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro: uma abordagem com ênfase nas obras de compositores portugueses pertencentes ao acervo. In: V ENCONTRO DE MUSICOLOGIA HISTÓRICA, Juiz de Fora, 19-21 jul. 2002. Anais. Juiz de Fora: Centro Cultural Pró-Música, 2004. p.136-154; CARDOSO, André. Ibidem. p. 40-54; e BERNARDES, Ricardo (Org., Ed.). Música no Brasil: séculos XVIII e XIX. V. 2: Real Capela do Rio de Janeiro 1808-1821. Obras sacras de José Mauricio Nunes Garcia, Sigismund Ritter Von Neukomm, Marcos Portugal. Rio de Janeiro: Funarte, 2002. 330 p.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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